Neto de Mao Tse-tung avança no exército chinês
The New York Times
Andrew Jacobs e Li Bibo
Em Pequim (China)
Ele aprecia porções generosas de porco grelhado, conta com uma série de fãs chineses e mantém um blog declaradamente patriótico. Hoje, Mao Xinyu, 39, neto e único herdeiro homem sobrevivente de Mao Tse-tung, tornou-se o mais jovem general-de-divisão do Exército de Libertação Popular, de acordo com a mídia estatal.
Apesar de sua promoção não ter sido oficialmente anunciada pelas forças armadas, ela foi noticiada na quinta-feira (24) pelo "Changjiang Daily" e está entre as principais notícias dos portais da Web chineses, enquanto a nação se prepara para celebrar o 60º aniversário da revolução que levou Mao e os comunistas ao poder.
O mais jovem Mao é um dos quatro netos do Grande Timoneiro, estudou na Escola do Partido Central, é historiador e guardião zeloso do pensamento político de Mao Tsetung.
Apesar de a mídia oficial dedicar-lhe considerável respeito, ele é objeto de zombaria entre chineses, que satirizam seu desempenho medíocre como aluno, seu jeito desalinhado e seu prodigioso tamanho; nos últimos anos, ele ultrapassou os 90 kg.
A reação à notícia de sua promoção nos sites chineses com colaboradores anônimos está cheia de sarcasmo. "Um excelente modelo para nosso exército, um líder militar sem paralelos e teórico de altíssima qualidade", dizia um comentário.
Muitos observaram que Mao tem um filho e uma filha, em uma sociedade onde a maior parte das famílias pode ter apenas uma criança. Mas, diferentemente dos filhos de outros líderes chineses, Mao não tem fama de ser um "principezinho", apelido depreciativo dado aos que usam as conexões da família para obterem oportunidades de negócios lucrativos ou poder político.
Mao já teve ambições de se tornar prefeito de uma grande cidade, mas acabou adotando o que se tornou uma carreira militar recompensadora. Ele também teve algum sucesso escrevendo livros e artigos dedicados ao legado de seu avô.
O historiador não se atém às repercussões dos erros de Mao, inclusive as dezenas de milhões de pessoas que morreram de fome como resultado do fracasso de suas políticas e da brutalidade da Revolução Cultural, que destruiu tantas vidas.
Durante as entrevistas, Mao tece elogios ao avô, que ele descreve como "espinha dorsal do povo chinês", ou simplesmente o Camarada. "Sem a orientação do pensamento de Mao Tse-tung e a teoria marxista, nossa industrialização e modernização não poderiam ter sido feitas", disse ele em entrevista publicada no mês passado pela "Southern People Weekly".
"A China não vai produzir ninguém tão grande quanto Mao Tse-tung nos próximos mil anos."
Mao disse que não se lembra do avô, que morreu em 1976 e deu a ele seu primeiro nome, Xinyu, que significa "novo universo". Seu pai, Mao Anqing, sofria de doença mental e ele foi criado pela mãe, uma fotógrafa e general do exército conhecida por sua mão de ferro na educação.
Em entrevista publicada no ano passado pelo jornal de Guangzhou "News Express", Mao reclamou da pressão por ter nascido na família mais famosa China moderna. "Como descendente do Líder, sofro muito estresse", disse ele. "Sinto que as pessoas estão sempre observando meu comportamento, então tenho que me sair bem."
Tradução: Deborah Weinberg
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2009/09/25/ult574u9701.jhtm
The New York Times
Andrew Jacobs e Li Bibo
Em Pequim (China)
Ele aprecia porções generosas de porco grelhado, conta com uma série de fãs chineses e mantém um blog declaradamente patriótico. Hoje, Mao Xinyu, 39, neto e único herdeiro homem sobrevivente de Mao Tse-tung, tornou-se o mais jovem general-de-divisão do Exército de Libertação Popular, de acordo com a mídia estatal.
Apesar de sua promoção não ter sido oficialmente anunciada pelas forças armadas, ela foi noticiada na quinta-feira (24) pelo "Changjiang Daily" e está entre as principais notícias dos portais da Web chineses, enquanto a nação se prepara para celebrar o 60º aniversário da revolução que levou Mao e os comunistas ao poder.
O mais jovem Mao é um dos quatro netos do Grande Timoneiro, estudou na Escola do Partido Central, é historiador e guardião zeloso do pensamento político de Mao Tsetung.
Apesar de a mídia oficial dedicar-lhe considerável respeito, ele é objeto de zombaria entre chineses, que satirizam seu desempenho medíocre como aluno, seu jeito desalinhado e seu prodigioso tamanho; nos últimos anos, ele ultrapassou os 90 kg.
A reação à notícia de sua promoção nos sites chineses com colaboradores anônimos está cheia de sarcasmo. "Um excelente modelo para nosso exército, um líder militar sem paralelos e teórico de altíssima qualidade", dizia um comentário.
Muitos observaram que Mao tem um filho e uma filha, em uma sociedade onde a maior parte das famílias pode ter apenas uma criança. Mas, diferentemente dos filhos de outros líderes chineses, Mao não tem fama de ser um "principezinho", apelido depreciativo dado aos que usam as conexões da família para obterem oportunidades de negócios lucrativos ou poder político.
Mao já teve ambições de se tornar prefeito de uma grande cidade, mas acabou adotando o que se tornou uma carreira militar recompensadora. Ele também teve algum sucesso escrevendo livros e artigos dedicados ao legado de seu avô.
O historiador não se atém às repercussões dos erros de Mao, inclusive as dezenas de milhões de pessoas que morreram de fome como resultado do fracasso de suas políticas e da brutalidade da Revolução Cultural, que destruiu tantas vidas.
Durante as entrevistas, Mao tece elogios ao avô, que ele descreve como "espinha dorsal do povo chinês", ou simplesmente o Camarada. "Sem a orientação do pensamento de Mao Tse-tung e a teoria marxista, nossa industrialização e modernização não poderiam ter sido feitas", disse ele em entrevista publicada no mês passado pela "Southern People Weekly".
"A China não vai produzir ninguém tão grande quanto Mao Tse-tung nos próximos mil anos."
Mao disse que não se lembra do avô, que morreu em 1976 e deu a ele seu primeiro nome, Xinyu, que significa "novo universo". Seu pai, Mao Anqing, sofria de doença mental e ele foi criado pela mãe, uma fotógrafa e general do exército conhecida por sua mão de ferro na educação.
Em entrevista publicada no ano passado pelo jornal de Guangzhou "News Express", Mao reclamou da pressão por ter nascido na família mais famosa China moderna. "Como descendente do Líder, sofro muito estresse", disse ele. "Sinto que as pessoas estão sempre observando meu comportamento, então tenho que me sair bem."
Tradução: Deborah Weinberg
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2009/09/25/ult574u9701.jhtm