quinta-feira, 4 de março de 2010

VIVA ZAPATA!


O revolucionário mexicano Emiliano Zapata dizia: “Melhor morrer em pé a viver de joelhos”. Em Cuba, Orlando Zapata, operário, preso político torturado sistematicamente, do grupo de 75 dissidentes presos na Primavera Negra de 2003, condenado a 28 anos de cadeia em um processo paralelo pelo crime de defesa da democracia, morreu após 85 dias em greve de fome pelos maus-tratos sofridos no calabouço da revolução.

Mas o ditador Raúl Castro, culpou o “terrorismo de Estado” dos EUA - que nunca foram santos - pela morte do pedreiro de 42 anos. É a América Latina chafurdando no comunismo das cavernas, no simiesco socialismo do século 21 de Chávez.

Lula-lá, em Cuba, ao lado de Raúl, calou-se. Depois “lamentou profundamente”. Só tinha olhos para os interesses do capital: em 2009 lucramos US$ 223 milhões com a ditadura dos irmãos Castro. A ideologia censurou Lula. Meu saudoso pai Wilson dizia: “Boi preto cheira boi preto”. Mas muito antes do meu pai o profeta bíblico Amós avisava: “Andariam dois juntos se não houvesse acordo entre eles?”

Um grupo de direitos humanos enviou carta a Lula pedindo ajuda na libertação de cerca de 200 presos políticos vivendo em condições sub-humanas nas masmorras comunistas. Ele negou tê-la recebido. Dia seguinte, em El Salvador, minimizou: “Não podemos julgar um país ou a atividade de um governante em função da atitude de um cidadão que decide fazer uma greve de fome”. Meu pai tinha razão.


Repudiamos com razão nossa ditadura militar de direita, mas muitos se calam sobre a ditadura militar cubana de esquerda. Esbravejamos para extinção de Guantánamo. Mas muitos apóiam a falta de democracia e direitos humanos na ilha. Tenha certeza: dentro de cada revolucionário latino existe um ditador de plantão.

É triste ver colegas jornalistas defendendo ditadores. Mais triste são os colegas pastores, teólogos, com a Bíblia em uma das mãos e O Capital na outra, propagando “teologias libertadoras” que lançam rebanhos no mais profundo coração das trevas ideológicas totalitárias, opressoras. Pregam Cristo que liberta o pobre do capitalismo. E fazem vistas grossas aos crimes de seus heróis revolucionários de boina e charuto. Jesus Cristo, o Libertador, era movido por um sentimento sem igual de amor e compaixão por suas ovelhas; não por ideologia.

Fidel recebeu Lula usando blusa azul e branca, cores de Cuba, e logo da Nike, símbolo do imperialismo ianque, em sua mansão com piscina maior que qualquer casa popular brasileira ou cubana. Antes, Raúl e Lula chegaram do aeroporto José Martí num luxuoso BMW. Coisa de revolucionário antiimperialista. Palavras de Martí: “Só a opressão deve temer o exercício pleno das liberdades”. Inspirado o tal de profeta Amós, não?

“Morreu Orlando Zapata em Cuba, um lutador pacífico de direitos humanos que nunca se rendeu. Morreu de frente, não de joelhos”, disse a mãe chorando.

Viva Zapata! Não o revolucionário Emiliano; o operário Orlando.


André Arruda Plácido é graduado em Relações Públicas, Jornalismo e Teologia. Especialista em Comunicação e Missões mundiais pelo Haggai Institute de Cingapura. www.andrearrudaplacido.blogspot.com

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