Praticamente todas as empresas do Complexo Industrial-Militar brasileiro fabricam, além de armas, outros tipos de equipamentos e produtos para uso civil. E elas precisam de uma infinidade de peças e serviços fornecidos por uma imensa malha de companhias cujo principal mercado não está na defesa. "Só a Embraer tem mais de 120 fornecedores", explica o Almirante Pierantoni, vice-presidente da Abimde. A Associação tem em seu catálogo 352 empresas, mas pouco mais de 50 delas representam 90% do faturamento bruto do setor e só 25 exportam parte da produção. As seis mais importantes indústrias de defesa do Brasil, são:
AVIBRASCriada em 1961 para produzir aviões (chegou a lançar a aeronave de treinamento Falcão em 1962), a Avibras é a "jóia da coroa" do complexo industrial-militar brasileiro. Usando tecnologia própria, acabou se especializando, nos anos 80, em blindados e sistemas de artilharia antiaérea exportados com muito sucesso, principalmente para o Oriente Médio. O famoso "Caveirão", que sobe os morros cariocas, é um blindado leve 4x4 Guará AV-Bope TP 10, especialmente configurado para o Batalhão de Operações Especiais da PM do Rio de Janeiro. E muitas das baterias que tentaram proteger o Iraque do bombardeio norte-americano em 2003 eram formadas por Sistemas para Lançamento de Foguetes de Saturação (Artillery SaturaTion ROcket System) Astros. A empresa também produz vários tipos de mísseis; sondas aeroespaciais; sistemas de radar e de comunicação para uso civil e militar; explosivos, tintas, resinas e selantes industriais, entre outros produtos. Com o desaparecimento do helicóptero em que viajava seu presidente e fundador João Verdi de Carvalho Leite e esposa em janeiro deste ano, a companhia passou por uma crise profunda e pensou-se que poderia até ser vendida para grupos estrangeiros ou que houvesse uma intervenção estatal. Mas no final de abril, em uma reunião com os acionistas, o herdeiro João Brasil assumiu o comando da empresa e manteve a gestão profissional dos demais diretores.
IMBEL
A empresa administra cinco unidades para a fabricação de produtos de uso militar e civil no mercado doméstico e internacional desde 1977. A unidade mais antiga, a Fábrica da Estrela sediada em Magé (RJ), foi fundada há 200 anos com a vinda da família real portuguesa e produziu toda a pólvora utilizada na coroação de D. Pedro II e na Guerra do Paraguai. A Imbel tem o monopólio no Brasil para a fabricação e venda do Fuzil de Assalto Leve - FAL (como o .308 AGLC Sniper e o 7,62 M964), utilizado pelas Forças Armadas e também pelas polícias. De acordo com pesquisa apresentada no livro Brasil: As Armas e as Vítimas [uma parceria do Instituto de Estudos da Religião e a ONG Viva Rio], a empresa teria fabricado 334.534 armas de pequeno porte entre sua fundação e o ano de 2004. Dois de seus maiores sucessos são a pistola Imbel .45, adotada como arma padrão da equipe de resgate de reféns do FBI, e a Colt M911A1, que representa mais de 75% do faturamento da unidade de Itajubá. Todo ano, entre 40% e 50% da produção seria exportada, especialmente para os Estados Unidos (90% das exportações). A empresa também segue produzindo explosivos, como pólvora, nitrocelulose, trinitrotolueno (TNT) e nitroglicerina e munições para morteiros (60, 70 e 81 mm). Além disso, desenvolve e produz sistemas operacionais computadorizados, equipamentos-rádio (transceptores HF e VHF), centrais e até telefones.
EMGEPRON
Assim como a Imbel, é ligada ao Ministério da Defesa pelo comando do Exército. A Emgepron, criada em 1982, é controlada pela Marinha para o desenvolvimento de tecnologia, sistemas navais, munições e navios de guerra. Se o projeto de submarino de propulsão atômica finalmente sair do papel, é na Emgepron, no Rio de Janeiro, que provavelmente será fabricado. Afinal, ele deverá usar a mesma carcaça do submarino classe Tupi IKL 209, com oito lançadores de torpedo - que faz parte da linha de produção da empresa. A Emgepron também fabrica fragatas Classe Niterói (com canhões 4.5 e 40 mm, lançador duplo de mísseis tipo Exocet MM-40, triplo lançador de torpedo MK-46 e duplo lançador de foguete Boroc), corvetas, navios-patrulha, lanchas de ação rápida (LARs) para patrulhamento e desembarque de tropas, munições para artilharia naval, sistemas de lançamento de despistadores de mísseis (SLDMs) e sistemas de controle tático (Sicontas).
EMBRAERFundada em 1969 para produzir aviões de uso militar e civil no Brasil, a empresa foi privatizada em 1994 e hoje é a terceira maior fabricante do mundo, perdendo apenas para a Airbus e a Boeing. Com a reestruturação, tornou-se a maior exportadora brasileira entre os anos de 1999 e 2001 e a segunda maior entre 2002 e 2004. Já produziu mais de 5 mil aeronaves, que estão em funcionamento em cerca de 80 países. Seu principal sucesso comercial é a família ERJ de aviões para 37 a 50 passageiros. Desde o início dos anos 2000, a Embraer tem investido em uma nova família de aeronaves para até 122 lugares e brigado bastante no cenário internacional, principalmente com a canadense Bombardier, tanto no mercado de aviação civil como nos jatos executivos. Na área de defesa, a empresa alega que 50% dos aviões da Aeronáutica nacional foram fabricados por ela (e mais 99 Super Tucanos estariam "em carteira"). O avião de ataque leve que pode carregar até 1.500 kg de munição, incluindo sistemas de mísseis inteligentes, também foi vendido para as forças aéreas de 22 países. O Chile, por exemplo, assinou um contrato para adquirir 12 dessas aeronaves e as operações realizadas pelas forças armadas da Colômbia contra um acampamento das FARC em território equatoriano, no início do ano, tiveram o apoio de Super Tucanos. Os Super Tucanos também foram comprados pela Blackwater, empresa de soldados mercenários. A Embraer fabrica ainda aviões para treinamento militar e aeronaves de Inteligência, Reconhecimento e Vigilância (ISR).
TAURUSNascida como uma modesta fábrica de ferramentas em 1939, a Forjas Taurus tornou-se uma das maiores fabricantes de armas de cano curto do mundo. A produção começou logo após o fim da II Guerra Mundial e só cresceu até o aumento do controle de vendas de armas pelos militares a partir do golpe de 1964. Na época, a empresa chegou a ser vendida para a tradicional fabricante Smith & Wesson, mas teve seu controle retomado por brasileiros em 1977. Três anos mais tarde, comprou a operação da subsidiária brasileira da Beretta, passando a produzir também pistolas e submetralhadoras. Com a compra da Rossi em 1980, a Taurus se tornou a única fabricante de revólveres do Brasil. A exportação sempre foi um ponto de destaque da Companhia, que chegou a vender para o mercado externo 74% a 75% de sua produção em anos como 1993, 1994 e 2002 e possui uma subsidiária em Miami, nos Estados Unidos, desde os anos 1980. Sob o impacto do "Estatuto do Desarmamento" e do aumento nos impostos para exportação de armas para a América Latina, a empresa vem diversificando cada vez mais sua produção. Hoje, além de pistolas, revólveres e carabinas, a Taurus também fornece peças forjadas de metal para várias indústrias, máquinas-ferramentas, coletes à prova de bala, capacetes, ferramentas e até lixeiras industriais de plástico. Com isso, alcançou uma receita líquida no primeiro semestre de 2008 de R$ 262,4 milhões, um aumento de 22,9% sobre os R$ 213,4 milhões no mesmo período de 2007.
CBC
Fundada em 1926 por dois imigrantes italianos que não queriam importar munição para caça, a Companhia Brasileira de Cartuchos é hoje a única produtora de balas para o mercado civil no país. Assim como a Taurus, também foi vendida para estrangeiros (a norte-americana Remington Arms e a inglesa Imperial Chemical Industries). Com isso, a CBC começou a produzir armas para caça e tiro esportivo em 1960 e seis anos mais tarde passou a exportar espingardas para os Estados Unidos, que chegaram a adquirir mais de 1,5 milhão de armas da CBC. Em 1979 foi renacionalizada com investimento direto do governo e a aquisição de 30% de seu capital pela Imbel. Atualmente, cerca de 70% da produção da empresa é destinada ao mercado externo e, na mesma linha da Taurus, a Compahia Brasileira de Cartuchos também diversificou suas atividades produzindo coletes à prova de bala e equipamentos para pesca e camping. Hoje, além da carabina para uso policial Pump CBC 12, a espingarda para caça esportiva CBC 199 e o rifle calibre .22 CBC 7022, a empresa produz uma infinidade de munições para revólveres, pistolas, cartuchos de caça, de competição, calibre .12 (para uso policial), espoletas, projéteis e pólvoras.
Brasil continua produção de bombas de fragmentação, diz ONGGenebra, 29 mai (EFE).- Pelo menos 17 países, entre eles o Brasil, continuam produzindo "em certo grau" bombas de fragmentação, segundo um relatório apresentado hoje por organizações de defesa dos direitos humanos.
Além do Brasil, também foram citados China, Israel, Rússia e Estados Unidos.
O estudo é apresentado seis meses após a aprovação da Convenção sobre Bombas de Fragmentação, assinada até agora por 96 países, dos quais, por enquanto, só sete a ratificaram, mas vários estão em processo legislativo para fazer o mesmo.
A convenção proíbe o uso, produção e transferência dessas armas, determina a destruição das reservas em um prazo de oito anos e sua remoção das zonas afetadas depois de dez anos, no máximo.
O representante da Human Rights Watch (HRW), Steve Goose, mostrou-se otimista com a crescente rejeição internacional às bombas de fragmentação, e afirmou que, dos 34 países que produzem ou produziram em algum momento estes explosivos, "a metade já assinou a convenção".
Foi ainda mais longe e lembrou que, embora este tratado internacional não tenha entrado em vigor - são necessárias 30 ratificações para isso -, "vários países signatários já começaram a destruir suas reservas".
Em relação aos países que podem continuar sua produção, o especialista disse que o fato de que Brasil esteja entre eles "é, até este ponto, uma de nossas maiores decepções".
"Não vemos uma razão pela qual não deveria ser um dos signatários desta convenção. Há poucos (países) nas Américas que não tenham se incorporado a esta convenção", disse.
"O Brasil foi um produtor e exportador importante no passado, inclusive no passado não tão distante, e se reservou o direito de produção. Não sabemos se novas bombas de fragmentação estão saindo das linhas de produção ou não", acrescentou o especialista.
Afirmou que a justificativa do Brasil para não assinar o acordo internacional "foi a importância econômica da indústria".
"Mas é difícil acreditar que os níveis de rentabilidade que podem obter de exportações de bombas de fragmentação sejam tão grandes", disse o especialista.
Sobre isso, Goose opinou que a reticência do Brasil em assinar a convenção "tem mais a ver com uma política de grande potência e o desejo de manter sua existência para um potencial uso futuro".
Lembrou que "o mercado de exportação destas bombas está secando cada vez mais".
Mais de 13 mil pessoas são vítimas confirmadas de bombas de fragmentação, segundo os mais recentes números publicados pela organização Handicap International, que acredita que há um sub-registro deste problema e que, na realidade, as vítimas são "dezenas de milhares".
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2009/05/29/ult1808u140786.jhtmCBC Adquire Mais Uma Fabricante de Munições na Europa
Author: Roberto SilvaData : 1º/05/2009
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