segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

MAIS UMA DOS COMPANHEIROS...

Vannuchi infla números sobre Araguaia

Pasta cita identificação de restos mortais de pessoas que não estiveram ali

Leonencio Nossa

BRASÍLIA

Em meio a críticas pela demora na identificação de nove conjuntos ósseos de guerrilheiros do Araguaia sob a guarda do governo, como divulgou ontem o Estado, a Secretaria de Direitos Humanos inflou o número de corpos já identificados de militantes do movimento armado ocorrido no Sul do Pará nos anos 1970.

Oficialmente, a secretaria inclui os restos mortais de outras três pessoas que nunca estiveram no Araguaia na lista de identificados. Até hoje, no entanto, apenas dois corpos retirados da região foram entregues às famílias.

Procurada para esclarecer a situação do processo de identificação de fragmentos ósseos retirados do Araguaia que estão nos armários de Brasília, a secretaria comandada pelo ministro Paulo Vannuchi informou, por e-mail, que foram identificados "positivamente" os fragmentos de militantes da esquerda mortos em São Paulo - Flávio Molina, executado em 1971, antes da Guerrilha do Araguaia começar, e Luiz José da Cunha e Miguel Sabat Nuet, assassinados em 1973.

Integrantes da guerrilha do Araguaia, Maria Lúcia Petit foi identificada em 1996 e Bérgson Gurjão Farias teve o corpo reconhecido no ano passado, em um processo de pressão de pesquisadores que contestavam laudos negativos apresentados por Vannuchi. Por fim, o ministro apresentou um laudo positivo e entregou os restos mortais do guerrilheiro para a família.

A pasta informa que examinou as nove "ossadas" - como se refere aos restos mortais que estão nos seus armários. "Os resultados foram inconclusivos (devido ao estado em que foram encontradas) ou negativos em comparação com as mostras disponíveis no banco de DNA. À medida que a tecnologia avança e mais familiares doam amostras de sangue ao banco, as ossadas podem ser testadas novamente", observou.

A assessoria não deu detalhes dos exames. Os corpos de Maria Lúcia e de integrantes da guerrilha urbana foram identificados, nos anos 1990, por antropologia e antropometria, levando em conta informações obtidas a partir da análise dos ossos e do histórico dos sepultamentos. À época, os exames de DNA não existiam. A secretaria informa que o banco de DNA montado pelo governo já conta com amostras de sangue de 142 familiares de 108 desaparecidos.

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