UM AMIGO DO SUDÃO QUE CONHECI EM CINGAPURA JÁ DIZIA QUE AS IGREJAS PROTESTANTES DAQUELE PAÍS TINHAM DE SE REUNIR EM CAVERNAS. É QUE OS HELICÓPTEROS DO GOVERNO ISLÂMICO DO SUDÃO BOMBARDEIAM AS REUNIÕES E MATAM OS CRISTÃOS.
TUDO EM NOME DE DEUS E DA PAZ, É CLARO...
Milhares vão às ruas para pedir execução de britânica no Sudão
da Folha Online
da Folha Online
Milhares de sudaneses --muitos armados com facas e paus-- foram às ruas em torno do palácio presidencial em Cartum para exigir a execução da professora primária britânica acusada de insultar o islã por permitir que seus alunos chamassem um ursinho de Maomé.
Os manifestantes lotaram as ruas com alto-falantes, proferindo mensagens contra Gillian Gibbons, 54, que foi condenada nesta quinta-feira a 15 dias de prisão e deportação do país.
A multidão marchou por cerca de uma hora, enquanto centenas de policiais foram destacados para evitar distúrbios. "Vergonha, vergonha para o Reino Unido", diziam os manifestantes.
Os participantes queimaram fotografias de Gibbons e pediram sua execução, gritando slogans como: "Tolerância zero: execução", ou "Morte para ela, morte por fuzilamento".
A prisão feminina onde Gibbons estava detida, em Omdurman, ao leste de Cartum, ficava longe do local da manifestação.
No entanto, ela foi transferida por autoridades para um local secreto para evitar linchamento.
No sermão desta sexta-feira, o clérigo da principal mesquita de Cartum criticou Gibbons, dizendo que ela ofendeu intencionalmente o islã, mas não convocou manifestações.
"Deter essa senhora não satisfaz a sede dos muçulmanos no Sudão, mas comemoramos seu aprisionamento e expulsão", disse Abdul Jalil Nazeer al Karouri, aos fiéis.
"Esta é uma mulher arrogante, que veio ao nosso país com vistas em seu salário em dólares, para ensinar a nossas crianças o ódio pelo profeta Maomé", afirmou ele.
Caso
O episódio teve início em setembro, em decorrência de um projeto sobre animais na sala de aula de uma escola privada que possui cerca de 750 alunos, em sua maioria sudaneses ricos.
Gibbons pediu que um de seus alunos de 7 anos de idade trouxesse um ursinho de pelúcia para a escola, e em seguida pediu que os estudantes desse um nome a ele. A classe escolheu Maomé, que além de ser o nome do profeta é um nome comum entre muçulmanos.
Cada aluno deveria então escrever um diário sobre o ursinho, cujo título seria "Meu nome é Maomé".
No entanto, um funcionário da escola fez uma queixa ao Ministério da Educação, dizendo que Gibbons havia insultado o profeta Maomé ao dar seu nome a um animal ou brinquedo.
Apelo
O premiê do Reino Unido, Gordon Brown, conversou com membros da família de Gibbons para lamentar o incidente. "Ele externou sua preocupação, e disse que está fazendo todo o possível para assegurar sua libertação", afirmou a porta-voz Emily Hands à imprensa.
Muhammad Abdul Bari, secretário-geral do Conselho Muçulmano no Reino Unido, acusou as autoridades sudanesas de "exagerarem" em sua reação ao caso.
"Esse caso poderia ser resolvido por meio do senso comum", afirmou ele.
O arcebispo de Canterbury Rowan Williams, guia espiritual dos cerca de 77 milhões de anglicanos, afirmou que a condenação de Gibbons foi uma resposta "absurdamente desproporcional" para o que foi, no máximo, um "mal entendido" devido a questões culturais.
O secretário de Assuntos Exteriores David Miliband procurou o embaixador sudanês no Reino Unido para expressar seu desapontamento com o veredicto. O Ministério britânico de Relações Exteriores disse que continua com os esforços diplomáticos para resolver a crise.