INCOERENTE MESMO É DIZER QUE O PSDB É OPOSIÇÃO.
Virgílio: acordo PT-PSDB em Minas não é incoerente
Diego SalmenEspecial para Terra Magazine
Elza Fiúza/Agência Brasil
O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) vê com bons olhos o diálogo entre o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimental (PT), para o lançamento de uma candidatura única à Prefeitura da capital mineira nas eleições deste ano.
Questionado por Terra Magazine, o parlamentar amazonense não acha incoerente uma eventual aliança entre as duas agremiações. Ele frisa, no entanto, que o governador Aécio Neves está negociando com uma parte "limpa" do PT.
- Não, por que haveria incoerência? É uma coisa muito ousada, e eu vejo que o governador estaria buscando uma parte bem adequada, bem limpa do PT para dialogar - rebate. - Eu não criminalizo idéias. Entendo que o PSDB tem uma distância profunda daquela banda do PT que se envolveu em mensalões. Mas eu, pessoalmente, tenho boa impressão a respeito do prefeito de Belo Horizonte. -
Pré-candidato declarado à presidência da República em 2010, Virgílio irá pleitear sua candidatura nas prévias - inéditas - que o PSDB deve realizar antes do início da disputa ao Plantalto. Ele nega que um pacto entre PT e PSDB possa prejudicar sua candidatura.
- Não....o objetivo da minha candidatura é uma grande caminhada. O principal agora é mobilizar o partido - desconversa.
Além disso, o senador não teme uma reação do eleitorado tucano a um eventual acordo com os petistas.
- Se tiver que haver alguma reação haverá, e isso deve estar sendo muito bem previsto e analisado pelo governador Aécio. Eu não faço macartismo.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista que Virgílio concedeu a Terra Magazine:
Terra Magazine - Como o senhor avalia um eventual pacto entre PT e PSDB para as eleições deste ano em Belo Horizonte?
Arthur Virgílio - Eu não criminalizo idéias. Entendo que o PSDB tem uma distância profunda daquela banda do PT que se envolveu em mensalões e que jogou por terra todo o conceito que o partido desenvolveu ao longo de décadas até chegar ao poder. Mas eu, pessoalmente, tenho boa impressão a respeito do prefeito de Belo Horizonte (NR: o petista Fernando Pimentel). Acho uma pessoa de bom nível, inteligente, que me parece correta. E o governador Aécio Neves, até por uma tradição de família, prioriza sempre o diálogo. Se isso vai, mais hora menos hora, redundar numa aliança, não sei. Agora, não seria a primeira vez que o PSDB se aliaria ao PT: já aconteceu em diversos municípios....
Mas essa seria uma aliança com um peso político bem maior....
O Covas (NR: ex-governador do Estado de São Paulo) já teve apoio do PT no segundo turno. Nós apoiamos o Lula no segundo turno em 1989, o Fernando Henrique foi apoiado pelo Lula na sua primeira tentativa de chegar ao Senado, quando foi suplente do Montoro. Eu não criminalizo não. Acho que em outros lugares pode não haver essa possibilidade tão madura, então eu não excluo que aqui e acolá possa acontecer. Em Minas Gerais eu entendo que há dois fortes candidatos à prefeito: o senador Eduardo Azeredo e o deputado estadual João Leite (NR: ambos do PSDB), as pesquisas mostram isso. Mas se essa for uma decisão do partido, não vejo porque tratar de maneira diferente.
O senhor já disse que será pré-candidato à presidência pelo PSDB em 2010. O senhor acha que esse pacto poderia enfraquecer sua pré-candidatura?
Não...o objetivo da minha candidatura é uma grande caminhada. O principal agora é mobilizar o partido. Estamos há alguns anos das eleições, então o principal agora é mobilizar o partido. Segundo, mostrar que o partido não tem dono, que o partido não tem nada pré-decidido. E na hora das prévias, apresentar um nome para ver o resultado desse trabalho, que será feito feito em duas etapas. Uma, para dentro, perguntando a cada militante do partido o que ele prefere. Se ele prefere um candidato escolhido por meia-dúzia de pessoas, que é o que tem acontecido e que nos levou a duas derrotas. Ou se ele prefere um candidato escolhido por ele próprio, pelo próprio militante. E a outra etapa, para fora do partido, conversando com a sociedade.
O senhor não teme que o acordo, se colocado em prática, possa melindrar a base eleitoral do PSDB, que vem fazendo oposição ao PT ao longo dos anos?
Se tiver que haver alguma reação haverá, e isso deve estar sendo muito bem previsto e analisado pelo governador Aécio. Ele espera que não haja da parte do prefeito Pimentel nenhum embaraço. Enquanto houver resistência lá, as conversas ficam paradas por aqui, pelo que eu entendi. Não vejo nada demais. Eu não faço macartismo não.
O PSDB não pode ser acusado de ser incoerente politicamente se formalizar um acordo com o PT?
Não, porque haveria incoerência? Se você entende que o melhor caminho para uma cidade é uma aliança... nós já nos aliamos várias vezes com eles em vários municípios e não tivemos problemas. É que Belo Horizonte é uma cidade emblemática porque é a cidade de um governador muito importante para o partido. Mas já fizemos dezenas de alianças com o PT em eleições municipais. É uma coisa muito ousada, e eu vejo que o governador estaria buscando uma parte bem adequada, bem limpa do PT para dialogar. E o prefeito é uma pessoa apreciável, então eu prefiro aguardar o andamento das coisas.
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