quinta-feira, 25 de setembro de 2008

“Voz no deserto”


Sou um jovem sonhador. Os Engenheiros do Hawaii definem a juventude como “uma banda numa propaganda de refrigerantes”. Alienada, sofre: 46% estão na pobreza. No nordeste são 68%; dos quais, 36,9% vivem apenas com ¼ do salário mínimo. “A ética deve valer também na economia”, disse Lula-lá na Assembléia Geral da ONU, do alto dos seus 68% de popularidade, segundo a CNT/Sensus. É a maioria. A voz do povo.

Sou minoria: apenas 6,8% desaprovam Lula. Hitler, Mussolini, Stalin, Fidel, Mao, Tetzel, Torquemada, Jim Jones. Todos despontariam nas pesquisas. Barrabás teve 100% de aprovação; foi liberto pela voz do povo. Cristo, crucificado. Pilatos viu insanidade no ato. Três milhões de pessoas do povo de Israel não quiseram entrar na Terra Prometida por medo. Apenas Josué e Calebe queriam enfrentar os riscos. Imagine uma pesquisa: “Vai encarar a Terra Prometida?” A) Sim; B) Tô fora!; C) Fico por aqui mesmo; toda essa areia me lembra Porto de Galinhas!; D) Nem com as coelhinhas da playboy e uísque 12 anos! E) NDA. Apenas dois marcariam “A”. Maioria. Voz do povo. Mas não voz de Deus. Jeová castigou Israel pela falta de confiança: 40 anos no deserto.

Aqui na Terra Proletária da ética do mensalão, dos aloprados, do caixa 2 “bandido”, dos dólares na cueca, das sanguessugas, do caso Celso Daniel, dos “dois pau pra eu” do irmão de Lula, dos milhões da Telemar na empresa de Lulinha, do Conselho Nacional de Jornalismo, da “quadrilha dos 40” etc., o governo petista surfa no capitalismo e se bronzeia na política econômica do real. Enquanto isso, no ranking de percepção de corrupção medido pela organização Transparência Internacional, despencamos oito pontos: agora ocupamos a 80º posição na lista de 180 países. A maioria. O povo.

Não, não sou sacerdote da ética. Profeta da honestidade. Messias da moralidade. Penso como o apóstolo Paulo: “Porque nem mesmo compreendo meu modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto”. Mas me lembro muito bem de Jandaia, Goiás, anos 1970, casa sem forro, paredes cor-de-rosa e portas cinza, minha linda mãe me educando: “Ca, co, cu. Mas esse cu não é o que a molecada fala na rua”. Também abandonei o marxismo aos vinte e poucos anos. E sou filho da Reforma Protestante: o erro, as mazelas, a corrupção, devem ser apontados a fim de serem extirpados. Talvez sejam essas as diferenças. A voz de Deus na consciência.

Recordar é viver: o general Emílio Médici, do alto da ditadura militar, foi condecorado pelo povo com 84% de popularidade. Maioria. Voz do povo. Lembre-se do recado lúcido e incontestável dos Engenheiros: “Quem ocupa o trono tem culpa. Quem oculta o crime também. Quem duvida da vida tem culpa. Quem evita a dúvida também tem”. Minoria. Voz da percepção.

Disseram-me que sou uma “voz no deserto”. Minoria. Não importa. Sou a voz de 6,8% que amam “este país”, que não se calam por dinheiro, posição social, oportunismo do poder ou medo. Que Deus não castigue a minoria com 40 anos de PT no governo. Misericórdia, Senhor. Misericórdia!

Como diria Lennon, “Você pode dizer que sou um sonhador. Mas não sou o único”…

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