“Se você acha que pode fazer melhor, essa é a sua chance”, diz Deus (Morgan Freeman) a Bruce Nolan (Jim Carrey) no filme O todo poderoso.
Falando em poder, o Jornal de Londrina publica que a classe média alta da cidade - 18% da população - irá consumir R$ 3 bilhões, ou seja, 48,2% de tudo que será consumido em 2008, num total de R$ 6,4 bilhões(!). Somos a 35ª cidade em potencial de consumo. Desconsidere as capitais. Isso é Londrina. São 26.992 domicílios das classes A1 (renda média familiar de R$ 13.680), A2 (R$ 8.930) e B1 (R$ 4.403). Em cinco anos o total desses lares cresceu 16,7%, e, seu consumo, 56,2%. A classe B1 explodiu em 108,1%. O consumo per capita londrinense é 21% acima da média nacional: vestidos são comprados por R$ 9 mil e cozinhas planejadas por R$ 24 mil. Não é à toa que no lançamento de um condomínio de mansões em que estive - um terreno custa de R$ 300 a R$ 500 mil! - a construtora trouxe Gal Costa e John Pizzarelli! Glamour! Brilho! Poder! Money talks!
Mas nem tudo é comemoração: na rua da empresa em que trabalho o poder do tráfico impõe sua lei do medo, opressão e morte. Viciados fumam crack o dia todo, todos os dias. A comercialização é intensa. Funesto. Somos uma sociedade doente. Os excluídos - fique calmo; não é papo marxista - são cada vez mais oprimidos. Um deles é Luciano: 26 anos, esquálido, esquelético, sujo, viciado. No portão da empresa pede tanto água e comida, quanto thinner e cola. Ganha roupas, marmitex, pizza e refrigerante. Atravessa a rua e troca a pizza, a marmitex ou as roupas pela pedra da infâmia.
Números da Receita Federal mostram o poder da arrecadação em 2008: R$ 756 bilhões. Alta de R$ 106 bilhões sobre 2007. Quais os programas de combate às drogas e amparo aos adictos? Uma das mais belas cenas do cinema é a que Tony Bennett, que se apresenta no restaurante onde está Bruce, cumprimenta o “todo poderoso” e canta o clássico: “Se eu governasse o mundo, todo dia seria o primeiro dia de primavera; todo coração teria uma nova canção; e nós cantaríamos a alegria que toda manhã traria”...
Luciano não queria deixar as drogas. “Não. Já tentei. Não consigo. Desisti!”. Desistiu da vida aos 26 anos! O jovem morreu essa semana. Na calçada. Com o corpo tombado em cima do braço esquerdo esticado e o direito dobrado em cima da barriga. Moscas andavam pelos seus olhos abertos, sem brilho, amargando o poder da morte. Nem Dante descreveria a cena. Enterrado como indigente. Apocalíptico!
Não tenho problemas com os ricos. O problema é como se ganha o dinheiro e o quê se faz com ele. É necessário um vestido de R$ 9 mil? O de R$ 900 não veste? De R$ 90? Ajudamos pessoas com nossas posses ou procuramos demonstrar poder? Somos escravos ou senhores do dinheiro? O apóstolo Paulo bem que alertou de que o amor do dinheiro é a raiz de todos os males, e Cristo sentenciou: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus. Amor ao dinheiro versus amor ao próximo. De que lado você está? O traficante joga com vidas, dinheiro, poder.
Das 37 pessoas que pasmavam Luciano morto, nenhuma o percebia ainda sobrevivendo, suas necessidades, sonhos interrompidos, sede, fome. Um corpo sem vida possui mais poder de atrair atenção do que um ser humano padecendo no inferno da cidade dos bilhões. Nosso maior problema é que conhecemos milhares de pessoas que odeiam o mal, mas poucas que amam o bem.
Se Deus dissesse a cada um dos sete leitores dessa coluna: “Se você acha que pode fazer melhor, essa é a sua chance”, o que faríamos? Misericórdia, Bom Pastor, Misericórdia.
Vinte e seis anos...
André Arruda Plácido é relações públicas, jornalista e especialista em comunicação e liderança em missões mundiais pelo Haggai Institute de Cingapura. www.andrearrudaplacido.blogspot.com – http://fotologue.jp/andrearrudaplacido
Falando em poder, o Jornal de Londrina publica que a classe média alta da cidade - 18% da população - irá consumir R$ 3 bilhões, ou seja, 48,2% de tudo que será consumido em 2008, num total de R$ 6,4 bilhões(!). Somos a 35ª cidade em potencial de consumo. Desconsidere as capitais. Isso é Londrina. São 26.992 domicílios das classes A1 (renda média familiar de R$ 13.680), A2 (R$ 8.930) e B1 (R$ 4.403). Em cinco anos o total desses lares cresceu 16,7%, e, seu consumo, 56,2%. A classe B1 explodiu em 108,1%. O consumo per capita londrinense é 21% acima da média nacional: vestidos são comprados por R$ 9 mil e cozinhas planejadas por R$ 24 mil. Não é à toa que no lançamento de um condomínio de mansões em que estive - um terreno custa de R$ 300 a R$ 500 mil! - a construtora trouxe Gal Costa e John Pizzarelli! Glamour! Brilho! Poder! Money talks!
Mas nem tudo é comemoração: na rua da empresa em que trabalho o poder do tráfico impõe sua lei do medo, opressão e morte. Viciados fumam crack o dia todo, todos os dias. A comercialização é intensa. Funesto. Somos uma sociedade doente. Os excluídos - fique calmo; não é papo marxista - são cada vez mais oprimidos. Um deles é Luciano: 26 anos, esquálido, esquelético, sujo, viciado. No portão da empresa pede tanto água e comida, quanto thinner e cola. Ganha roupas, marmitex, pizza e refrigerante. Atravessa a rua e troca a pizza, a marmitex ou as roupas pela pedra da infâmia.
Números da Receita Federal mostram o poder da arrecadação em 2008: R$ 756 bilhões. Alta de R$ 106 bilhões sobre 2007. Quais os programas de combate às drogas e amparo aos adictos? Uma das mais belas cenas do cinema é a que Tony Bennett, que se apresenta no restaurante onde está Bruce, cumprimenta o “todo poderoso” e canta o clássico: “Se eu governasse o mundo, todo dia seria o primeiro dia de primavera; todo coração teria uma nova canção; e nós cantaríamos a alegria que toda manhã traria”...
Luciano não queria deixar as drogas. “Não. Já tentei. Não consigo. Desisti!”. Desistiu da vida aos 26 anos! O jovem morreu essa semana. Na calçada. Com o corpo tombado em cima do braço esquerdo esticado e o direito dobrado em cima da barriga. Moscas andavam pelos seus olhos abertos, sem brilho, amargando o poder da morte. Nem Dante descreveria a cena. Enterrado como indigente. Apocalíptico!
Não tenho problemas com os ricos. O problema é como se ganha o dinheiro e o quê se faz com ele. É necessário um vestido de R$ 9 mil? O de R$ 900 não veste? De R$ 90? Ajudamos pessoas com nossas posses ou procuramos demonstrar poder? Somos escravos ou senhores do dinheiro? O apóstolo Paulo bem que alertou de que o amor do dinheiro é a raiz de todos os males, e Cristo sentenciou: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus. Amor ao dinheiro versus amor ao próximo. De que lado você está? O traficante joga com vidas, dinheiro, poder.
Das 37 pessoas que pasmavam Luciano morto, nenhuma o percebia ainda sobrevivendo, suas necessidades, sonhos interrompidos, sede, fome. Um corpo sem vida possui mais poder de atrair atenção do que um ser humano padecendo no inferno da cidade dos bilhões. Nosso maior problema é que conhecemos milhares de pessoas que odeiam o mal, mas poucas que amam o bem.
Se Deus dissesse a cada um dos sete leitores dessa coluna: “Se você acha que pode fazer melhor, essa é a sua chance”, o que faríamos? Misericórdia, Bom Pastor, Misericórdia.
Vinte e seis anos...
André Arruda Plácido é relações públicas, jornalista e especialista em comunicação e liderança em missões mundiais pelo Haggai Institute de Cingapura. www.andrearrudaplacido.blogspot.com – http://fotologue.jp/andrearrudaplacido
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