O ditador líbio Muammar Kaddafi, há 41 anos no poder, deixou bem claro seu desespero e a certeza de que sua queda é questão de tempo ao ordenar que helicópteros e caças bombardeassem seus opositores que exigem democracia. Mais de 400 pessoas foram mortas até agora. Sua fortuna de mais de US$ 70 bi e suspeitas de possuir contas secretas em Dubai, Sudeste Asiático e países do Golfo, é incalculável. Se metade fosse lançada no inferno apagaria as chamas eternas. Tudo saqueado da população por meio da Companhia Nacional de Petróleo, setores de construção, telecomunicações e hotelaria, os quais estão sob domínio de sua família de ladrões. Mais ou menos como a relação maus políticos e estatais no Brasil. Para se ter ideia do crime, em 2009, Mutassim, um dos filhos do ditador, pagou US$ 1 milhão para que Mariah Carrey - Uau! - cantasse apenas quatro músicas em sua festa particular em Saint Bart’s, no Caribe. Em outra ocasião, na mesma ilha, contratou Usher e Beyoncé.
Outro filho, Seif, conhecido por sua organização filantrópica - com o dinheiro do povo, obviamente - Fundação Internacional Kaddafi de Caridade e Desenvolvimento - “desenvolvimento” de quem? Que alma piedosa! - que enviou várias toneladas de ajuda humanitária às vítimas do terremoto do Haiti declarou na TV que a Líbia está prestes a sofrer uma guerra civil e sofrerá com “rios de sangue” se o povo não apoiar papai. Que criatura caridosa, dócil, de sentimentos nobres!
Mas a pergunta é: por que Kaddafi está há mais de quatro décadas no poder? Interesses. Interesses financeiros, ideológicos de todos os cantos da Terra. É que a Autoridade Líbia de Investimentos injetou, em 2006, mais de 70 bilhões de euros pelo globo. São muitos países envolvidos com toda essa grana suja: lucros de US$ 2,5 bilhões em apenas quatro anos renderam no Reino Unido 3% de ações da Pearson, dona do Financial Times, por US$ 400 milhões. Kaddafi também comprou um shopping e propriedades caríssimas: US$ 200 milhões pelo Portman House. Na Itália possui partes de empresas que vão da ENI (Petróleo) à indústria aeroespacial. Kaddafi socorreu a Fiat de grandes problemas financeiros comprando 2% da montadora, mais 2% da Finmeccanica, grupo industrial de armamento, 7,5% de um dos maiores bancos italianos, o UniCredite e 7,5% das ações da Juventus. Dos investimentos da “famiglia” do ditador também são conhecidos duas engarrafadoras de água na Itália e hotéis de luxo. Em Uganda e mais sete países africanos investiu em telecomunicações e ainda comprou 24% da Circle Oil, exploradora de gás em Omã, Marrocos, Tunísia, Egito e Namíbia. Nos EUA o Grupo Carlyle é parceiro do fundo de Kaddafi que também investe no setor têxtil na África. Na Áustria comprou 10% da Wienerberger, maior fabricante de tijolos do planeta. No Brasil o anjo líbio procura por terras para torrar cerca de US$ 500 milhões, e investimentos em infra-estrutura levaram a Odebrecht à Líbia por conta de obras no valor de US$ 1,4 bilhão. Seguida da Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.
“Meu amigo, meu irmão, líder”, foram as palavras de Lula em uma das quatro vezes que se reuniu com Kaddafi. Só em 2009 foram dois encontros. Criticado, Lula disse que não tinha “preconceito”. Pois bem, a sociedade é muito mais complexa que os preconceitos que possam pairar sobre as cabecinhas dos militantes de partidos políticos que ainda são “úteis” contra privatizações e a todo o tipo de ideologia que dão vergonha aos campos de extermínio de Hitler, aos Gulags de Stalin ou aos tantos atentados contra a vida humana como o exemplo da Union Carbide em Bhopal, na Índia, em 1984. De raciocínio simiesco têm como heróis comunistas primatas travestidos de mártires da liberdade que usam farda e coturno, e que vão dos assassinos Che Guevara e Fidel Castro, passando pelo lunático Mao e culminando em Lênin e Stalin, e que nesse momento estão me chamando de “direitão”, de “tucano”, desconhecem a complexidade da geopolítica e da História da civilização, pois ainda demonstram que dela nunca fizeram parte. Os que conseguiram ficar em pé podem ser vistos segurando cartazes ordenando que o italiano Césari Battisti, ex-terrorista do Proletários Armados pelo Comunismo, condenado por quatro assassinatos na Itália, seja solto para gozar da boa vida como estrela revolucionária no Brasil. Ou será tudo puro preconceito meu?
Em seu inflamado discurso contra opositores, além de declarar: “Não vou deixar este país. Morrerei como um mártir. Sou um lutador” - os ditadores amam frases de efeito! - o amigo, irmão e líder de Lula, dirigindo-se aos jovens, sentenciou: “Se a juventude não seguir Kaddafi, vai seguir quem? Algum barbudo?” Osama Bin Laden que se cuide. E você pensou que Kaddafi estava falando do amigo, do irmão brasileiro? Você deve ser mais um daqueles que não aguentam ver um proletário no poder! Que preconceito...
André Arruda Plácido - apjornalista@gmail.com - Relações Públicas, Jornalista e Teólogo. Especialista em Comunicação e Liderança em Missões Mundiais pelo Haggai Institute de Cingapura. www.andrearrudaplacido.blogspot.com – www.fotologue.jp/andrearrudaplacido
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