PT quer ter seu próprio jornal em 2008
LETÍCIA SANDER
LETÍCIA SANDER
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Favorito na disputa pela presidência do PT, o deputado Ricardo Berzoini (SP) disse ontem que o partido planeja ter um jornal próprio com distribuição nacional a partir de 2008. Tanto ele quanto seu concorrente na disputa, o também deputado Jilmar Tatto (SP), defenderam que o PT crie um "sistema de comunicação de massas" para divulgar as idéias do partido.
As estratégias de comunicação foram explicitadas durante debate entre os dois candidatos, realizado na manhã de ontem na sede do PT em Brasília. O evento despertou pequena atenção da militância. A conversa começou com apenas 36 presentes e o número de ouvintes não passou de 50 até o final do debate, que versou majoritariamente sobre a candidatura própria em 2010 e a relação com aliados. O segundo turno da disputa pela direção do PT será no domingo.
A idéia do jornal, segundo Berzoini, tem inspiração na Europa. "Seria um jornal mesmo, como vários partidos na Europa têm, desde o século 19. Lá tem jornais vendidos em banca e com boa tiragem. Acho que pode ser algo importante, obviamente tem custo elevado, sabemos disso, e não é fácil implementar. Mas vamos trabalhar para implementar", explicou o dirigente, após o debate. "A idéia é construir processo de organização nos Estados que permita produzir nacionalmente e reproduzir localmente", disse, acrescentando que o projeto começará com periodicidade semanal e a ambição de reduzi-la.
"Um jornal partidário é claramente posicionado. O PT precisa ter o seu meio de comunicação e buscar fazer chegar as suas opiniões de uma maneira mais ampla à sociedade", acrescentou Berzoini, que concorre à reeleição.
Tatto também defendeu a idéia, mas foi mais reticente sobre sua viabilidade. Disse que "tende" a achar que é melhor fortalecer publicações com viés de esquerda já existentes. Ainda dentro dessa linha, os dois defenderam a criação de uma escola de formação partidária.
Durante o debate, a imprensa não teve oportunidade de fazer perguntas. Os dois candidatos fizeram perguntas entre si e responderam a seis intervenções de petistas.
Tatto, que tem o apoio de correntes mais à esquerda, foi mais incisivo em relação à postura do PT em 2010. Chamou de "traição para o povo" a hipótese de a legenda não ter candidato próprio --nem que precise de prévias-- e conclamou o partido a "hegemonizar" as alianças. "No processo de negociação, com todo respeito à base, vale na mesa de negociação quem tem força", disse.
Ele reclamou da relação com o governo: "A impressão que dá é que nós ganhamos as eleições e que não levamos. E uma das razões tem a ver com a força do PT. O PT está acanhado. Ou às vezes o partido serve como correia de transmissão do governo ou fica sem elaborar política para o próprio governo".
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u354497.shtml
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