Vitória da democracia
Miriam Leitão
Ninguém esperava esse resultado na Venezuela. A boca-de-urna deu o contrário. Além do mais, teve 50% de abstenção – que todo mundo achava que favoreceria o “sim”. O resultado foi uma surpresa para todos.
Todas as pesquisas de boca-de-urna diziam que o presidente Hugo Chávez ganharia. Com base nisso, Chávez disse que respeitaria o resultado. Às 23h, a rede de TV CNN, que ele havia apontado como inimiga, disse que ele poderia perder.
Para garantir a vitória, o presidente Hugo Chávez e o Conselho Nacional Eleitoral tinham feito uma manipulação. Eles misturaram medidas que interessavam a ele, Chávez, como a reeleição perpétua, e assuntos populares, como a redução da jornada de trabalho.
Mas ele exagerou na dose. Estabelecia o pacote dele, que podia confiscar qualquer propriedade privada – e isso deve ter assustado os pequenos proprietários – e mudava a função das Forças Armadas. Em vez de defender a pátria venezuelana, sua função passaria a ser defender a revolução bolivariana.
A derrota de Hugo Chávez é a vitória da democracia, a democracia que está tão ameaçada na Venezuela. Sua vitória encorajaria a Bolívia e o Equador, que seguem os mesmos passos. Sua vitória poderia incentivar outros países a fazer o mesmo.
E pior: alimentar a idéia esquisita de que democracia existe sem alternância do poder; que isso seria, como foi defendido aqui no Brasil, apenas uma escolha de cada povo. Não é. A alternância do poder faz parte integrante da democracia. Reeleição perpétua é a forma de matar a democracia.
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