“Estado de espírito” X Estado eficienteFoi na Cerimônia de lançamento do Plano Nacional de Turismo que Lula-lá, mais uma vez, mostrou sua invejável capacidade de comunicação em português sofrível, e expôs sua incontestável capacidade como presidente. Mas para quem já afirmou ter um dia acordado “invocado” e ligado para o Bush, que é filho de uma “mulher que nasceu analfabeta”, que Pelotas é cidade pólo “exportadora de veado”, que “tem lei que pega e tem lei que não pega”, que Napoleão esteve na China, que “ler é pior que fazer exercício em esteira”, que os supostos R$ 20 mil mensaleiros do professor Luizinho eram uma “merreca”, que a ditadura cubana faz parte da “autodeterminação dos povos”, que o fechamento da RCTV é problema da Venezuela, que fraternalmente chamou o acusado de pertencer a uma “sofisticada organização criminosa” de “nosso Delúbio”, e que até se comparou a Jesus Cristo, isso é nada.
Para variar culpou a imprensa por algumas notícias que podem atrapalhar o turismo: “O que a gente vê de bonito na imprensa brasileira? Não tem. Se fala de Pernambuco, é morte. Se fala do Ceará, é morte. Se fala da Bahia, é morte. Daí, [o turista] fala: 'Espera aí, eu não vou sair daqui. Vou ficar dentro de casa'. Ele ainda olha para ver se tem uma fresta para não vir uma bala perdida. Essa é uma parte histórica do país, mas há outra parte que nos motiva a viajar”. Quem sabe a revolta contra a imprensa seja porque foi publicado que Mônica Zerbinato, sua secretária, estaria envolvida em esquema de corrupção na Infraero para arrecadar dinheiro para o PT? Ou será que é por causa do mensalão que ele mesmo afirmou ser calunia? Ou pelo dossiêgate? Pelo caos aéreo que a ministra do Turismo (Sexual), Marta Suplicy, aconselhou aos passageiros o famoso “relaxa e goza”? Ou será porque soube apenas 48 horas antes, por meio do ministro da Justiça, Tarso Genro, de que a Polícia Federal faria uma visita ao seu irmão do “me dá dois pau”, o Vavá, aquele já investigado e sentenciado por ele como “ingênuo”?
“Nosso Guia” ainda aconselhou casais para a melhoria de seus relacionamentos, afirmando que a “muié” “tem que acordar: ‘Amorzinho, vamos, amorzinho’, porque se ela começar xingando, o marido já não vai, já bota o cuecão e já fica deitado ali mesmo e não sai. Então, gente, nós poderemos mudar este país se a gente mudar o nosso estado de espírito. O resto é o resto”.
“Confesso, sem nenhuma ofensa, que não vejo ninguém com melhor diploma do que eu. Igual, sim, mas não melhor” afirmou Lula em entrevista à revista Época, o mesmo que ao receber três livros do jornalista Paulo Markun, e saber que apenas um deles estava concluído e que os outros dois tinham apenas as capas e páginas em branco por se tratarem de um projeto ainda não concluído, devolveu o que estava completo e folheou os que não tinham uma só palavra e atacou: “isso é que é livro bom, a gente nem precisa ler”.
O jingle da reeleição dizia: “é o primeiro presidente que tem a alma do povo, que tem a cara da gente. São milhões de Lulas povoando este Brasil”. É a mais pura e cristalina realidade. Enquanto isso o Estado arranca seu dinheiro por meio de altos impostos e continua ineficiente, pródigo e gigantesco. Mas o que vale, gente, é o “estado de espírito”. “Relaxa e goza”, vai?!
André Arruda Plácido – apjornalista@gmail.com
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