O texto de Fernando Canzian apenas confirma que a ladainha propalada por Lula-lá e sua trupe de aliados não passa de conversa para boi dormir; ainda mais depois da criação de 626 cargos comissionados pagos pelos altos impostos do Estado burro, gigantesco e incomPTente...
Obrigado Canzian
Melhorou, mas piorou
Uma série de dados divulgados nos últimos dias pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) trouxe pelo menos duas importantes notícias para a economia. Uma razoavelmente boa e outra muito ruim.
A boa é que o Brasil voltou a crescer de forma mais consistente e, aparentemente, sustentada. O PIB nacional evoluiu 3,8% nos últimos 12 meses terminados em março/07. Ainda é um crescimento pequeno, até medíocre diante da pujança atual da economia mundial, sem dúvida.
Mas o mais importante agora é que a economia brasileira parou de dar saltos. O PIB já não sofre de "taquicardia" a cada trimestre ou semestre.
Entre o 1º trimestre de 1996 até o 1º trimestre de 2006 (são dez anos!), o Brasil viveu como se estivesse sacudindo em uma montanha russa velha, cheias de trancos. Agora, as variações parecem estar entrando em um ritmo mais controlado, com altos e baixos civilizados, como em outras economias mais maduras e estáveis.
A dissecação do PIB do 1º trimestre também mostrou outros dois dados relevantes: o consumo das famílias brasileiras foi o carro-chefe do crescimento (subiu 6% sobre o 1º tri/06) apoiado em mais renda, empregos e crédito de maior prazo.
Ao mesmo tempo, os investimentos das empresas em suas linhas de produção cresceram 7,2%. Isso significa que os empresários estão apostando que a economia vai deslanchar. Ao aumentarem a capacidade de produção, há uma redução do risco de a inflação voltar por causa de pressões vindas do consumo.
Com o dólar barato e um saldo comercial previsto para o ano acima dos US$ 40 bilhões, também existe um enorme espaço para a demanda adicional ser atendida por importações. Tudo isso é bom.
A má notícia: outros dados do IBGE mostram que a indústria nacional mais sofisticada, que paga melhores salários e cria mais riquezas, vem encolhendo ano a ano. O espaço vai sendo ocupado cada vez mais por setores que fabricam produtos de baixa tecnologia.
Isso ocorre não só internamente. As exportações de produtos mais nobres também caem --e as importações aumentam.
A longo prazo, essa tendência é um desastre, pois trará uma dependência cada vez maior do país por produtos caros e feitos fora. Ou seja, o Brasil vai criar bons empregos, só que na China ou outro lugar e dificilmente ganhará musculatura para alcançar taxas de crescimento maiores.
Isso não vem de hoje, pois há uma série de outros fatores que corroem há anos a competitividade dessa indústria mais sofisticada. O chamado "custo-Brasil" inclui uma das maiores cargas tributárias do mundo e uma péssima infra-estrutura de transporte.
O nó é que continuamos dependentes de um governo glutão e gastão, que arrecada muito, mas que não investe quase nada (o equivalente a menos de 2% do PIB) em infra-estrutura. No primeiro trimestre do ano, os gastos do governo voltaram a subir: 4%.
É um saco sem fundo. E um crescimento com muitos limites.
O autor, Fernando Canzian, 40, é repórter especial da Folha. Foi secretário de Redação, editor de Brasil e do Painel e correspondente em Washington e Nova York. Escreve semanalmente, às segundas-feiras, para a Folha Online.
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