"Por mais bizarro que possa parecer, a Venezuela, quinto exportador mundial de petróleo, importa gasolina por não ter refinarias com capacidade de refino. "Aqui, isto é o maior segredo", explica um jornalista venezuelano.
Jamais a o mistério foi tão grande como agora sobre o que se passa com a industria petroleira em Caracas. Os números da produção da companhia nacional "Petróleo da Venezuela" (PDVSA) diferem dos estimados pela OPEP. A diferença chega a l milhão de barrís por dia. A Venezuela não tem conseguido honrar sua cota de produção com a OPEP desde a greve no setor petroleiro no final de 2002, inicio de 2003.
Em represália à greve, o governo dispensou 18.000 funcionários, uma boa parte deles esapecializado. Depois, a PDVSA perdeu toda autonomia de gestão. Seu presidente é também o Ministro de Energia. "A PDVSA nunca mais conseguiu superar tal expurgo", diz Orlando Ochoa, economista da Universidade Católica, que não hesita em falar de "declínio petroleiro".Além da corrupção generalizada e gerenciamento errático, a produção diminuiu por falta de investimentos.
Com efeito, o presidente Hugo Chávez colocou em uso um sistema de financiamento parelelo e informal que subsidia fortemente a PDVSA. A diplomacia dos petrodólares e os gastos com programas sociais repousam nas receitas da produção de petróleo, enquanto os poços mais tradicionais, como os da região de Maracaibo, se esgotam por falta de manuntenção.Chávez gostaria de aumentar a produção da bacia do Orinoco, onde se encontram as reservas para o futuro. Mas companhias internacionais como a "Total", que descobriu tais reservas e começaram sua exploração, foram desencorajadas pela incerteza que reina em Caracas.
Desde a nacionalização, decretada em 26 de fevereiro, as negociações para a transferência das ações não progrediram muito e a PDVSA apenas assumiu simbólicamente os terrenos por falta de recursos humanos.
Orgulhosa de ter conseguido transformar o petróleo extra-pesado da região de Sincor em óeo universal, a "Total" desistiu de participar do projeto Sincor 2. Esmagada como um limão, a industria venezuelana de petróleo pratica no mercado interno preços baixos, o que provoca uma explosão do mercado automobilístico. Nada menos de 350.000 carros foram vendidos em 2006. "É preciso esperar de seis meses a um ano para receber seu carro, sem ser exigente com a cor", reclama um comprador. O litro de gasolia custa R$ 0,90 no mercado oficial, metade se for calculado sobre o mercado paralelo do dólar.
Com preços assim, o contrabando de gasolina para a Colômbia e o Panamá se transformou em um negócio de ouro".
Le Monde.
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