segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Guerra: tudo pode acontecer


Ai! Ai! Ai! Guerra outra vez! Tudo de novo! Gente morrendo e a TV mostrando as bombas brilhando no céu escuro. Os massacres, as armas de última geração, ataques químicos e biológicos, a guerra da informação.

Piores ainda são os programas que levam líderes religiosos, cantores sertanejos, modelos, big brothers e toda aquela turma que nunca sequer apertou o gatilho de uma espingardinha de pressão quando era criança, quanto mais vai entender algo sobre guerra, táticas, armamentos etc. Ficam falando asneiras o tempo todo e presenteando o telespectador com inimagináveis discussões sobre o triste conflito. Só falta o Datena, com a trilha de Psicose ao fundo e aquele terno de defunto, dizer: “Olha lá o míssil! Olha lá! A magnífica Polícia Militar de São Paulo já está com o seu extraordinário helicóptero sobrevoando o local e vai cumprir o seu dever de prender o cidadão que disparou isso aí! Pau nesse vagabundo! Cadeia nele! A sociedade não agüenta mais isso! O quê o Sr. e a Sra. acham disso? Ou eu tô errado?”
Os alarmistas de plantão vão lembrar de Nostradamus, dizendo que a guerra é mais uma de suas profecias e que a besta do apocalipse veio para destruir o mundo, enquanto imagens de Day After explodem o planeta na telinha.
Vai aparecer até mesmo alguém dizendo que recebeu uma mensagem de alguma entidade extraterrestre de nome impronunciável, mas com inteligência sem igual. Vai comunicar ao mundo que o tal ET veio para avisar aos terráqueos de que o fim está próximo, a não ser que todos façam pensamento positivo em freqüência alfa às sete da tarde do sétimo dia, depois da sétima explosão, imitando a sétima posição do Kama Sutra, rodeados de sete pirâmides representando a sétima região de Capricórnio, exatamente dentro do sétimo quadrante de Andrômeda. Ufa!

Pode ter certeza de que haverá um verdadeiro bombardeio de e-mails na sua caixa de mensagens dizendo que a Terceira Guerra Mundial está prestes a começar e, sendo assim, você deve assinar seu nome em uma lista que será enviada ao governo dos EUA, ONU, CIA, ao Real Madrid, ao Tiririca, ao Sindicato dos Garçons de Pirapozinho etc. Sem dizer que a palavra paz virá escrita em 134 línguas e 89 dialetos, dentre estes, 36 já extintos.

Pensa que acabou por ai? Tá fácil! Você vai cansar de ouvir na mídia aquela gente atrasada maoísta, estalinista, trotskista, castrista e leninista dizendo que o imperialismo americano não pode matar inocentes, como também vai vê-los omitir, esquecer, não dar um pio sobre os fuzilamentos de Fidel Castro, o extermínio feito pelos comunistas na China, Tibete, Laos, Vietnã, Camboja, Coréia do Norte etc., como também as milhões de mortes do assassino Stalin na extinta União Soviética.
Por outro lado, os pulhas que defendem os EUA como se fossem os príncipes da fraternidade, arautos da liberdade, os deuses da democracia, dirão que Saddam Hussein é uma ameaça ao “mundo livre” e que a “guerra pela liberdade do Iraque” é a única maneira de desarmá-lo (se é que ele está tão armado assim!).

Virão também os artistas espertalhões que esperam o ano todo para que algum evento dessa envergadura aconteça para poder se autopromover. Vai dar de tudo. De presidente a cantor de funk. Realize ao estilo eguinha pocotó: “Vou mandando um beijinho pro Saddam e pro Bin Laden, e também quero dizer, que essa guerra é sacanagem! Sacanagem! Sacanagem! Sacanagem! Sacanagem! Essa guerra é sacanagem!” É o fim mesmo!

Os programas de entrevista não poderiam perder a oportunidade e um deles até vai entrevistar uma das famosas “bombas inteligentes” do exército americano:
- Entrevistador: Bem, quer dizer então que você é uma “bomba inteligente”?
- Bomba: Exato.
- Entrevistador: Então, quanto é 78 vezes 9, dividido por 3, mais 845, menos 84?
- Bomba: 995.
- Entrevistador: Capital da Mongólia?
- Bomba: Ulan Bator.
- Entrevistador: Como se chama o fenômeno natural noturno de origem elétrica que consiste em raias, faixas e arcos de luz que aparecem no firmamento, sobretudo nas regiões árticas?
- Bomba: Fácil. Aurora boreal.
- Entrevistador: Que palavra com 20 letras começada com “h” e terminada com “o” que exprime o significado da afecção das glândulas paratireóides caracterizada por um excesso no metabolismo do cálcio e fósforo?
- Bomba: Hiperparatireoidismo.
- Entrevistador: Se você estivesse neste momento a caminho da destruição, qual seria o seu alvo principal?
- Bomba: Humanos.
- Entevistador: Mas você não sente o peso da responsabilidade que é invadir o espaço aéreo de uma nação e matar milhares de inocentes? Não dói a consciência?!
- Bomba: Responsabilidade? Consciência? Não entendi a pergunta...

Enfim, apenas por curiosidade, o mês de março – mês em que a guerra começou -, tem este nome em razão de uma homenagem ao deus da guerra Marte (Martius). Depois de tudo isto, pode ser que haja mesmo uma guerra mundial. Enquanto o pior não acontece, Síria, Irã e Coréia do Norte que abram bem os olhos!


PS: Escrevi este texto logo que os EUA invadiram o Iraque. Parece que está mais atual do que nunca...

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