segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Renascer e reformar em Cristo


Sou protestante. Evangélico é semântica da pós-modernidade. Ao estudar teologia aprendi que o erro deve ser denunciado a fim de ser reparado. Assim foi a Reforma Protestante deflagrada pelo monge Lutero e seguida por Calvino, Hus, Wyclif, Knox. Na contramão da Igreja Católica, que havia criado a salvação por meio de vários rituais além de Jesus - intercessão de santos, penitências, pagamento de indulgências que comprariam um pedaço do céu etc. -, a Reforma devolveu ao indivíduo o poder de reconciliação com Deus, obtenção de perdão e salvação; o homem volta a ser salvo pela fé, e não pelas obras. Segundo Lutero a Igreja havia se distanciado das Escrituras, como a justificação pela fé: a salvação é benefício dado apenas por Deus, por Sua Graça, por meio de Jesus Cristo e recebido apenas pela fé; sola fide.

Ainda não expulso da Igreja, professor, pregador e confessor da capela de Santa Maria, Lutero viu a venda de indulgências - perdão ao católico das penas temporais devidas a Deus pelos pecados cometidos na vida terrena - aos fiéis fregueses
. Eram vendidas até para salvar um parente já morto que estivesse no Purgatório, originando o jingle “assim que a moeda no cofre tilintar, a alma do purgatório irá saltar”. Por essas e outras que pregou suas 95 teses na porta da igreja do Castelo de Wittenberg em outubro de 1517, culminando na cisão entre católicos romanos e protestantes.

Em 2007 a.D. a mídia denunciou que os ditos evangélicos “apóstolo” Estevam e “bispa” Sônia Hernandes, fundadores da Renascer em Cristo, presos ao tentarem entrar nos EUA com US$ 56 mil não-declarados e escondidos até na Bíblia(!), já respondem por várias acusações e processos na justiça. O promotor Arthur Lemos faz o sinal-da-cruz aos fariseus: “Verificamos que os líderes religiosos constituíram uma verdadeira organização criminosa.” E o Ministério Público joga água benta nos falsos profetas por estelionato, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica: “Um clã familiar que amealhou verdadeiras fortunas explorando a fé religiosa alheia”.
Luiz Flávio D’Urso, advogado dos sepulcros caiados, contestou: “O valor que a família transportava está dentro do permitido pela legislação americana. Sete pessoas poderiam ingressar nos Estados Unidos com até U$ 70 mil”. Esqueceram de confessar o pecado da ganância: declararam apenas U$10 mil. “O amor do dinheiro é a raiz de todos os males”, já ensinava o apóstolo... Paulo, é claro.

Na “seita-cheque” até doações em débito automático são aceitas! É o “tilintar da moeda” do século XXI. Os donos da igreja de Zaqueu precisam renascer e reformar a si mesmos em Cristo! Mas juntar evangélicos fashion e protestantes históricos no mesmo caldeirão, querer cozinhá-los em banho-maria do preconceito religioso, na fogueira da Santa Inquisição moral petista dos dias de hoje é feitiçaria! Afirmar que todos os pastores são como estes salteadores é o mesmo que dizer que todo padre é pedófilo e homossexual! Devagar com o andor porque o santo é de barro! É no mínimo ignorância, e no máximo, falta de caráter! Há pastores e padres pilantras, mas há também uma imensa maioria séria e comprometida com o Reino de Deus na Terra.

Pior: um dos jornais que mostraram a trapaça disse que antes de responder à justiça divina, o casal prestará contas à Justiça dos homens. Qual? A mesma de Marcos Valério, Palocci, Delúbio Soares etc., ou a dos sanguessugas e mensaleiros absolvidos pela Câmara e reeleitos com a “força do povo”? Ou a americana. Ah tá, então tá bão...

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