segunda-feira, 31 de março de 2008

MORRE UM HERÓI


Morre Dith Pran, fotógrafo que sobreviveu a genocídio no Camboja e expôs Pol Pot

Barton Silverman/"The New York Times"

O fotógrafo cambojano Dith Pran, do jornal "The New York Times" morreu ontem, vítima de câncer, aos 65 anos. Pran trabalhou como intérprete e assistente do jornalista Sydney Schanberg no Camboja até 1975 e ajudou a denunciar as atrocidades do regime de Pol Pot (1975-1979).

Quando o Khmer Vermelho assumiu o poder, Schanberg foi expulso do país, e Pran foi encarcerado, torturado e condenado a trabalhos forçados. Pran escapou da morte porque se disfarçou de camponês iletrado. O grupo comunista perseguia as pessoas que tivessem um grau de instrução mais elevado ou influência ocidental.

Em 1979, Pran conseguiu fugir e se mudou para os EUA. Ele se tornou embaixador do Alto Comissariado da ONU para Refugiados e fundou o Projeto de Conscientização de Holocausto Dith Pran.
Em 1980, Schanberg escreveu uma reportagem sobre o amigo intitulada "A morte e a vida de Dith Pran", título de um livro publicado em 1985.

A história foi ainda a base do filme "Os Gritos do Silêncio" ("The Killing Fields"), que havia sido lançado um ano antes e recebeu três Oscars. Foi o próprio Dith que cunhou o termo "killing fields" (campos de extermínio), para definir os horrores que via -corpos e esqueletos das vítimas do Khmer Vermelho- durante sua jornada para escapar do país.

Entre 1975 e 1979, o regime matou 2 milhões de cambojanos -quase um terço da população do país na época.
Quando Pol Pot morreu, em 1998, Pran lamentou que o ditador nunca tenha sido julgado por seus crimes contra a humanidade. "A busca por justiça do povo cambojano não termina com Pol Pot", disse.

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