Obama pede 'sinal' de Cuba para viabilizar degelo das relações
Presidente americano visita o México nesta quinta-feira em sua primeira viagem pela América Latina
Agências internacionais
WASHINGTON - O presidente dos EUA, Barack Obama, pediu para que Havana envie um sinal de que fará "mudanças na forma em que opera Cuba" para acabar com o congelamento das relações entre os dois países, segundo entrevista concedida à CNN pouco antes de iniciar sua primeira viagem pela América Latina. Obama, chega nesta quinta-feira, 16, ao México para se reunir com o presidente mexicano, Felipe Calderón, em um encontro que deve ser centrado na luta contra o narcotráfico e nas questões de imigração. De lá, ele segue na sexta-feira para Port of Spain, em Trinidad e Tobago, para participar da Cúpula das Américas.
Na entrevista para a CNN Espanhol, o líder norte-americano pediu a libertação de prisioneiros políticos e a concessão do direito de liberdade de expressão para "vislumbrar um degelo maior nas relações" entre Washington e Havana. "Não espero que Cuba implore. Ninguém está pedindo a ninguém que implore. O que estamos querendo é algum sinal de que haverá mudanças na forma como Cuba funciona".
Obama lembrou que seu governo suspendeu esta semana as restrições para as viagens de cubano-americanos à ilha, e para o envio de dinheiro a seus parentes em Cuba. "Mas, ao mesmo tempo em que nós levantamos as restrições às viagens, o certo é que há cubanos que não podem viajar para fora de Cuba", acrescentou. "Queremos nos separar da mentalidade da Guerra Fria que se perpetuou por 50 anos", disse.
Obama afirmou ainda que pretende se engajar nas conversas com os líderes da região num ambiente de igualdade. "Os tempos mudaram", afirmou o presidente americano na noite de quarta-feira. Referindo-se ao seu encontro com o presidente Lula, em Trinidad and Tobago, Obama afirmou que sua relação com o chefe de Estado brasileiro "é a de dois líderes de grandes países, e que estão tentando solucionar problemas e criar oportunidades para seu povo, e poderíamos ser parceiros". "Não há parceiros grandes ou pequenos", afirmou.
Obama ainda elogiou o presidente mexicano, afirmando que Calderón faz um "trabalho excelente e heroico em lidar com um grande problema ao longo das fronteiras com os cartéis de drogas". O americano ainda prometeu colaborar com o México. "Nós não vamos lidar somente com a interdição das drogas vindas do norte, mas também trabalhar para ajudar a conter o fluxo de dinheiro e armas vindos do sul", afirmou.
Outros tópicos problemáticos da agenda serão a reforma da imigração e o comércio. Obama prometeu voltar à carga para aprovar uma reforma de imigração, que empacou no Congresso em 2007. Mas fontes da Casa Branca indicam que esse esforço será adiado, diante das batalhas que Obama vai enfrentar para aprovar a reforma no sistema de saúde e regulação de mudança climática.
Cúpula das Américas
Cuba parece pronta para dominar a Cúpula das Américas que começa nesta sexta-feira, 17, em Trinidad e Tobago, mesmo que o país não tenha sido convidado para a reunião de 34 líderes do continente. A cúpula tem sido vista como uma oportunidade de estabelecer um novo tom nas relações entre os Estados Unidos e a América Latina, já que esta será a primeira reunião do presidente norte-americano Barack Obama com seus colegas latino-americanos.
Está claro que Cuba, apesar de não participar do evento, fará parte da agenda em razão do longo embargo econômico norte-americano contra o Estado comunista. O anúncio de Obama, feito segunda-feira, sobre a retirada das restrições a viagens e ao envio de dinheiro de cubano-americanos para Cuba foi visto como uma tentativa de neutralizar as tensões entre os dois países. Washington deve se concentrar na discussão de temas com reformas econômicas, energia renovável, segurança pública e a luta contra o tráfico de drogas, sem contar medidas para superar a crise financeira global.
Durante a entrevista, Obama não criticou os líderes da Bolívia, Equador e Venezuela, que adotaram medidas para mudar a Constituição e permanecer mais tempo no poder. "Acho que é importante que os EUA não digam aos outros países como estruturar suas práticas democráticas e o que deve estar incluído em suas Constituições", afirmou. "A população destes países devem decidir como querem estruturar estes assuntos".
Questionado sobre como planeja interagir com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, Obama também rechaçou críticas. "Ele é o líder do seu país e será um dos muitos que terei a oportunidade de conhecer", afirmou.
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