terça-feira, 15 de abril de 2008

POLUIÇÃO VERDE


O álcool polui tanto quanto a gasolina, diz Ibama

No início da semana foram confirmadas as projeções da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustível (ANP) de que o consumo do combustível álcool iria ultrapassar o consumo de gasolina. No mês passado, as empresas filiadas ao Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom) venderam 989,8 milhões de litros de álcool anidro (misturado à gasolina) e hidratado. O total de gasolina pura vendida no mês foi de 965,2 milhões de litros. Engana-se porém quem acredita que esta guinada contribuirá para a diminuição da emissão de gases poluentes nas grandes cidades brasileiras. Os veículos movidos a álcool emitem quase os mesmos níveis de gás carbônico do que os movidos a gasolina.

"O grande mote do álcool é que ele é renovável", explica Márcio Veloso, analista ambiental do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconvi) do Ibama. "A extração de petróleo retira o CO2 confinado no subsolo e o joga na atmosfera. Já o cultivo de cana para extração de combustível líquido utiliza o ciclo natural do carbono."

Para Veloso, o índice de produtividade do álcool hoje é muito maior do que há 30 anos, já que os usineiros e as empresas tiveram tempo para pesquisar e desenvolver novas metodologias.

Qualidade do Ar
Para a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), órgão ambiental de São Paulo, a utilização majoritária do álcool é sempre benéfica pelo balanço positivo do CO2. Mesmo assim, os veículos flex hoje em dia apresentam emissões de escapamento similares, independente do uso do álcool ou da gasolina, já que o limite estabelecido pelo Proconvi é o mesmo, tanto para carros movidos a gasolina, quanto para os flex e os movidos a gás (GNV), explica Homero Carvalho, gerente da divisão de engenharia e fiscalização de veículos.

"Segundo dados preliminares do monitoramento da qualidade do ar, na região metropolitana de São Paulo, a Cetesb verificou que, na comparação de 2006 para 2007, houve um pequeno aumento na concentração atmosférica para a maior parte dos poluentes, com acréscimos de cerca de 2% para os poluentes hidrocarbonetos (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx), precursores da formação do ozônio de baixa altitude (O3) e pouco mais de 1 % para o monóxido de carbono (CO)", explicou Carvalho.

Em 2007, foram constatadas ultrapassagens de padrão da qualidade do ar para os poluentes O3, dióxido de nitrogênio (NO2), partículas inaláveis (MP10), e CO. As ultrapassagens do PQAR devido ao O3 representaram 96% do total na região, 2% foram por partículas inaláveis , 1% por CO e 1% para o NO2.

Como as variações nas emissões são pequenas, exceto para o O3, a ocorrência de mais episódios em determinados anos reflete, principalmente, as variações nas condições meteorológicas. Em 2007, um grande número de eventos de altas concentrações de O3 ocorreu em um período de muitos dias secos e quentes, nos meses de setembro e outubro.

Em relação às emissões de CO e HC, oriundas dos veículos leves, podemos considerar que se mantiveram inalteradas pois somente neste período a RMSP incorporou uma frota de 196 mil novos veículos que tem emissão cada vez menor pelos limites impostos pelo Proconve.

Segundo a Cetesb, os níveis de poluição devem se manter estabilizados, pois não haverá diferenças notáveis de emissão, salvo por motivos como condições meteorológicas desfavoráveis ou o aumento de congestionamentos urbanos.

JB Online

http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI2741490-EI306,00.html

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