quarta-feira, 16 de abril de 2008

TUCANAGENS


Documentos apreendidos pelo TRE-PB comprometem Cássio Cunha Lima

CÍNTIA ACAYABA
da Agência Folha

Fiscais do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) da Paraíba apreenderam, pouco antes das eleições de 2006, um papel com nomes relacionados ao governador Cássio Cunha Lima (PSDB) na mesma sala de um prédio em João Pessoa em que foram apreendidos os R$ 406 mil que, segundo a Polícia Federal, tinham como objetivo comprar votos para o tucano.

A informação foi relatada no inquérito da PF, que indiciou por compra de votos o proprietário da O&J Veículos, Olavo Cruz de Lira. A empresa, que operava na sala onde foram feitas as apreensões, locava carros para o governo.

Segundo a PF, o primeiro nome escrito por Cruz de Lira nas anotações é "Saveny" ao lado do número "500.000,00" e acima da palavra posto.

Cruz de Lira, autor das anotações, afirmou em depoimento à polícia que a única pessoa que ele conhece como "Saveny" é o irmão do governador Cássio Cunha Lima, Savigny Rodrigues da Cunha Lima.

De acordo com o inquérito, também foram encontradas no prédio "várias notas de abastecimento do posto Villaggio CG", referentes a veículos utilizados na campanha da coligação "Por Amor à Paraíba", de Cunha Lima.

À PF, no entanto, Cruz de Lira disse que "a anotação do nome Saveny não tem relação com as quantias nem com a palavra posto".

Há também a anotação: "30.000,00 Casa Ronaldo", mesmo nome do pai de Cunha Lima. Cruz de Lira disse à PF que "acredita que Ronaldo é o sr. Ronaldo Guerra e que talvez tenha entregue R$ 30 mil na casa do sr. Ronaldo Guerra". A reportagem não identificou a pessoa citada.

Também consta no papel apreendido a anotação "8.000,00 Capilé", "provavelmente se referindo ao artista de Campina Grande, que participou de atividades da campanha da coligação 'Por Amor à Paraíba'", diz o inquérito.

O músico Capilé disse à Folha que recebeu R$ 8.000 da campanha por ter produzido jingles para o governador reeleito e para o senador Cícero Lucena (PSDB).

"Eu recebi da campanha mesmo, tudo certinho, com nota fiscal. Não conheço esse Olavo Cruz de Lira."

Luciano Pires, advogado da família Cunha Lima, disse que "a família do governador não é objeto de investigação do inquérito" da Polícia Federal.

"Savigny participou da campanha como militante. Todos os gastos de campanha foram declarados e apenas o comitê financeiro realizou os pagamentos, inclusive os relativos a combustíveis", disse.

No mesmo inquérito, a PF afirmou que parte dos R$ 406 mil saiu da conta de operadores de uma empresa que comprou créditos imobiliários da Paraíba com valores baixos.

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