quarta-feira, 30 de abril de 2008

"PROGREÇISTAS" SURFAM NO CAPITALISMO


Brasil recebe título de grau de investimento pela agência S&P

Da Redação
Em São Paulo

O Brasil adquiriu nesta quarta-feira o título de grau de investimento pela agência de avaliação de rating Standard & Poor´s.

Com esta nova nota, o país entra no grupo de países considerados de pouca possibilidade de inadimplência. Isso significa que o Brasil passa a ser visto como de baixo risco para aplicações financeiras de estrangeiros.

A nota de crédito (rating) para moeda estrangeira subiu de BB+ para BBB- com perspectiva estável e a nota para moeda local passou de BBB para BBB+, também com perspectiva estável. O rating para moeda local de curto prazo foi ajustado de "B" para "A-3".


"O comportamento do Brasil durante a crise deu espaço para a S&P fazer isso. A economia doméstica está se sustentando bem, o risco-país se mantendo na faixa dos 200 pontos, o crescimento econômico está bom, tanto que o BC está até aumentando juros, mostrando responsabilidade quanto à inflação", afirma o economista-chefe da Fator Corretora, Vladimir Caramaschi.

Caramaschi é, inclusive, um dos que não acreditava nessa nova nota para tão breve.

"Eu particularmente não esperava para agora, em parte pela fragilidade fiscal do país e em parte porque achava que as agências seriam mais cautelosas neste momento de crise", diz.

Já na opinião do diretor-executivo da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Moura Nehme, este greu de investimento veio em um momento difícil em que o dólar está com a cotação baixa.

"Isto vai facilitar o ingresso de moeda estrangeira e a cotação vai ficar mais baixa ainda. É uma coisa boa, mas para o Brasil é perigosa", afirma.

Por fim, o economista-chefe da López León Markets, Flávio Serrano, comenta que a crise mundial de crédito auxiliou o Brasil a conseguir o grau de investimento, pois mostrou que o país tem condições de superar problemas externos.

"Eu já previa que sairia esse ano ainda, mas é sempre uma boa notícia. Pela diferença (entre outros títulos) que o Brasil pagava, o mercado já considerava o Brasil como grau de investimento. Ele veio principalmente pela evolução das contas externas -o Brasil é credor líquido já- e pelas contas do governo, que teve superávit nominal", afirma.


O Brasil é a 14ª economia a ter seus créditos soberanos elevados para grau de investimento, segundo afirma a Standard&Poor´s.

"A atualização reflete a maturação das instituições do Brasil e do quadro político, como demonstra a melhora no âmbito fiscal e da dívida externa, além da melhora nas perspectivas de crescimento", afirma.

A Standard & Poor´s diz que apesar de muitos países "pares" do Brasil, que também possuem grau de investimento terem dívida pública líquida menor, o modo como o Brasil vem gerindo seus compromissos atenua qualquer risco de ficar inadimplente.

Os principais pontos forte selecionados pela agência para elevar a nota de crédito do país destacam-se:


Taxas de inflação que têm conseguindo manter-se dentro da meta

Perfil da dívida pública interna em sintonia com o dos demais países que obtêm grau de investimento

Já entre as maiores fraquezas, a S&P alerta para:


Grande endividamento líquido da máquina pública

Alta rigidez do orçamento

Impedimentos estruturais que mantêm o investimento e o crescimento inferior ao de outras economias também emergentes

A obtenção do grau de investimento pelo Brasil era esperada ainda em 2008 por grande parte dos economistas, mas havia alguns dissidentes que apostavam que esa mudança ocorreria somente no próximo ano.

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